1.9.05

Conversa com o psiquiatra

Quantas folhas de uma árvore caíram
E pétalas de uma rosa?
Quantas patas de uma aranha se perderam
E com elas o veneno?

Perguntaste-me o que temo?
Um sol mais forte que o normal
A corte marcial americana
Porque não falo nada em inglês.

O que você fez?
Fiz uma caleidoscópio novo.
Ele era unidimensional e
Assim tornava a tudo.

Que cor escolhi?
O Azul, igualzinho ao céu
E aos cataventos do Mercado de Santa Cruz.

Sabe aquele artefato para vôo?
Levaria um daqueles ao Marco Zero
E tentaria sobrevoar os arrecifes.
Apenas alguns metros, porque tenho medo.

De quê?
De algumas coisas,
mas principalmente de altura e de ficar cego.

Minha alma enxerga, Doutor?
Ou não é a sua especialidade?
Vamos... Diga-me como está minha alma?
Essa coisa leve, boa e transparente.

É parecida com algodão doce?
É transparente como esperma?
É preta como carvão.

Posso vê-la ao caleidoscópio?
Sim.
Ela não existe mais...
Fugiu quando adoeci.
Eis o diagnóstico, Doutor:
Um homem vazio.
Um homem unidimensional.

Lucas Tenório