3.10.05

eu sem nada

Vastas sombras, desfolhadas de agonia
Vastos olhos, desfocados, baços
Vastas faces, esquecidas nos terraços
Muitas flores, sob o sol do meio-dia.

Vastos sonhos, e a tessitura de suas teias
Vastas almas, em seus guetos infinitos
Várias danças, vários cantos, vários gritos
Muitos risos, ao clarão da lua cheia.

Um convite a deitar em plena rua
Vários corpos, numa mesma pele nua
Vastos uivos e gemidos de prazer.

Vasto silêncio, sem pergunta que fazer
Vastos beijos, no azul desse oceano
E eu tão só, tão sem ninguém, eu tão insano.

Lucas Tenório