19.10.05

Habitat

Que habite no meu poema.
Seja ele casa
com as paredes ortogonais.
Sei que não a casa de Vinícius,
sem chão,
o largo dos pacifistas.

O meu modesto poema requer
um mocambo freyreano.
Sei que não o mocambo alagoano
do guerreiro das senzalas,
da tribo dos Palmares,
nova Tupinambá.

O meu verso de taipa e argila,
a sala do sertanejo Lampião.
Sei que não a casa do Conselheiro,
o de lá,
com seu lajedo que ainda hoje cintila
ao sol de Belo Monte.
(a casa do desmonte dos generais)
Reerguida atrás do front,
bem aqui atrás,
na ante-sala-gleba do testamenteiro.

O meu poema requer uma casa,
um monumento ao séquito brasileiro.
Sei que não ao séquito modernista,
regionalista, concreto ou pós-moderno.

O meu poema só neste caderno.
No sêmen dessas poucas palavras.


Lucas Tenório

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

O Modernismo e o Concretismo são majestades, jjamais séquito.

quarta-feira, outubro 19, 2005  
Anonymous Anônimo said...

Sim.

domingo, maio 22, 2022  

Postar um comentário

<< Home