Fotografia
Imagem estacionada
num fio de horizonte
traçado de uma ponte
na luz dependurada
De um a outro lado
o passo da escassez
naquilo que se fez
turvo, surdo e calado
Esvoaçam pardais
que há muito já partiram
multifocais que viram
o que não se vê mais
Ainda a ponte alberga
senão dois polegares
percutindo os vagares
com uma ocular cega
Na pele, vê-se a íris
na irís arremedo
é na face levedo
e no intestino a bílis
Tempero do aparente
equilibrado óptico
variegado o pórtico
geracional de gente
Ausente numa praça
a ponte só encima
boneca de menina
em casulo de traça
Há quiçá um ancião
em pose terminal
perfume, um mineral
na mesma embarcação
Mas insiste o olhar
em ver além da inércia
o travo da solércia
a mancha linear
E vê a ponte estreita
o rio desidratado
o mineral calado
a âncora perfeita.
Lucas Tenório
num fio de horizonte
traçado de uma ponte
na luz dependurada
De um a outro lado
o passo da escassez
naquilo que se fez
turvo, surdo e calado
Esvoaçam pardais
que há muito já partiram
multifocais que viram
o que não se vê mais
Ainda a ponte alberga
senão dois polegares
percutindo os vagares
com uma ocular cega
Na pele, vê-se a íris
na irís arremedo
é na face levedo
e no intestino a bílis
Tempero do aparente
equilibrado óptico
variegado o pórtico
geracional de gente
Ausente numa praça
a ponte só encima
boneca de menina
em casulo de traça
Há quiçá um ancião
em pose terminal
perfume, um mineral
na mesma embarcação
Mas insiste o olhar
em ver além da inércia
o travo da solércia
a mancha linear
E vê a ponte estreita
o rio desidratado
o mineral calado
a âncora perfeita.
Lucas Tenório
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