5.4.06

SEMANA DE 22 - Umas & Outras (24 de Fevereiro de 2002)

O jornalista Vicente Serejo, na sua coluna do Jornal de Hoje, critica o descaso das entidades locais – da Universidade, Governo e Prefeitura – para com os oitenta anos da Semana de Arte Moderna.

Foi Vicente Serejo quem ficou à frente das comemorações dos setenta anos da mesma Semana aqui em Natal, em 1992. Hoje essas comemorações seriam mais ricas ainda porque já existe uma produção razoável em todas as áreas de material referente ao modernismo. É o próprio Vicente Serejo quem afirma:

"... Temos coisas boas. Os estudos acadêmicos de Humberto Hermenegildo e da professora Ilza Mathias. A biblioteca de Câmara Cascudo, com edições originais de modernistas, muitas delas autografadas. Sua correspondência com Mário de Andrade (já publicada) e as cartas ainda inéditas de Manuel Bandeira, Joaquim Inojosa, Raul Bopp, Carlos Drummond de Andrade e outros. O excelente estudo de Francisco das Chagas sobre o poeta Jorge Fernandes e o Majestic.

Na área das artes plásticas temos o que mostrar, sim senhor. Se feita com profissionalismo, uma exposição mostraria: o Lula Cardoso Aires do acervo de Câmara Cascudo. O Embaixador Fernando Abbott Galvão tem dois óleos de Cícero Dias e também de Lula Cardoso Aires, além de outros e Elenir Fonseca tem um desenho de Portinari, além do acervo de Dorian Gray e de outros acervos particulares, inclusive os quadros de Erasmo Xavier, um pintor modernista dos anos vinte.

Como, então, pode ser um delírio da minha parte? E uma conferência de Neroaldo Azevedo, ex-reitor da Universidade Federal da Paraíba, considerado hoje o maior estudioso do Regionalismo nordestino? E o poeta e escritor Hildeberto Barbosa Filho, também professor da Universidade Federal da Paraíba e doutor em literatura brasileira? E os grandes gilbertianos como Edson Néri da Fonseca e Sebastião Vilanova, o sociólogo que domina a obra de Gilberto Freyre?"

E conclui, definitivo:

"...O que há mesmo é um misto de descaso com falta de grandeza. Somos marcados, em todos os níveis, ontem e hoje, por uma política cultural feita de eventos e, assim mesmo, fechada a grupos dali e daqui, num compadrio cultural marcado pelo colonialismo do prestígio pessoal e, algumas vezes, até da política partidária que fecha portas a uns e abre a outros, sem um critério isento. Aliás, achar que é delírio já é, por si só, uma prova disso tudo que acabei de afirmar."

http://www.umaseoutras.com.br/boletim/24_02_2002/