Eclipse
O sol em proto-esfera
pelo luar levita
fragor, fragrância, vista
e o fumo das crateras
O sol da cor despela
em luz que regurgita
a cintura contrita
de amarela gazela
Na cal de primavera
aposto um seminal
na fossa genital
do caroço da, pera
Em orbital ambíguo
de um hermafrodita
prender atado à cinta
o outro lado do umbigo
Do ânus, casca basta
feito o parto do escuro
um feto fosco e anuro
emprenha sua madrasta
No mesmo intervalo
em que relincha a égua
e que a maré sonega
o esperma do cavalo
Endurecida a cinta
e cego o nascituro
perpassa o palinuro
a luminância extinta
E o coito se encerra
num orgasmo monocórdio
num preciso relógio
agônico de terra
Quebrado da placenta
o umbilical enlaça
a garganta da taça
herege e sacrossanta
E volta o grão ao estrume
e o ventre ensangüentado
celebra fecundado
o sombreado lume.
Lucas Tenório
pelo luar levita
fragor, fragrância, vista
e o fumo das crateras
O sol da cor despela
em luz que regurgita
a cintura contrita
de amarela gazela
Na cal de primavera
aposto um seminal
na fossa genital
do caroço da, pera
Em orbital ambíguo
de um hermafrodita
prender atado à cinta
o outro lado do umbigo
Do ânus, casca basta
feito o parto do escuro
um feto fosco e anuro
emprenha sua madrasta
No mesmo intervalo
em que relincha a égua
e que a maré sonega
o esperma do cavalo
Endurecida a cinta
e cego o nascituro
perpassa o palinuro
a luminância extinta
E o coito se encerra
num orgasmo monocórdio
num preciso relógio
agônico de terra
Quebrado da placenta
o umbilical enlaça
a garganta da taça
herege e sacrossanta
E volta o grão ao estrume
e o ventre ensangüentado
celebra fecundado
o sombreado lume.
Lucas Tenório
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