6.4.06

A seca

Túrgida e rarefeita
vejo a seca
na folha de papel

Aqui do meu cinzel
a rachadura é feita

no balcão da cozinha

E a espinha de peixe
na lata de sardinha

Túrgida e satisfeita
a carcaça seca
na colheita e na pesca

Dois galos de sangue
um verde e exangue
outro ocre e matinal
colocam
sal no dia

Eu corto a seca
na lembrança que não tinha

Eu colho a penca
da palma
da mão

Eu digo não ao Sol vermelho
e na rachadura
há pinho
sol nos calcanhares de maria

No seu espelho
os meus olhos no seu ventre
para entre
galos
tê-la

fria e imaculada
ejaculada do meu falo.

Lucas Tenório