9.3.06

Olaria

Da visita, à porta de entrada
um alpendre espreita
o que a colheita requentava

Na vasilha e forno
mingau de arroz
logo depois
adorno e torno

De um indivíduo maleado
pelo prosaico
do facão

E no prego uma parede
um alçapão
de rede

A nos dizer da entrada
ferro e tijolo
e de um monjolo
de água parada

Esquadrinhado o aposento:
dedo, alicate e vagina

E um arremedo de infante:
quase sem medo
edulcorante
de sacarina

Nem sequer chora
contorna e ora
se espreme e coça
enquanto cora

A carne escura.

Urina, salga, apura
o cozimento.
Pedra e cimento
arquitetura.

Lucas Tenório