A ostra e o vento
O vento traz no peso
repuxada na vaga
em arco espoletada
a ogiva de seu vezo
Liame granulado
em braço ambivalente
pavio impubescente
dum pendular petardo
Que ora leva o vento
ao átrio do abismo
e leva a pedra ao sismo
o ventre ao movimento
O vento cai vazio
de areia quando reto
maturo e de arquiteto
é redondo no cio
Redondo o vento vela
a todo sedimento
a crosta e a caravela
são excrementos de vento
Carcaças correlatas
ao mais suave aroma
lascivo o vento doma
matérias putrefatas
Do gozo a ostra exala
o sal do feromônio
caldeado o hormônio
que o vento traz na gala
E prolifera o coito
em profusão de esperma
berçário, gesta, intróito
e gênese de terra
E o mar vira sertão
num barro encarquilhado
e os rios e alagados
evadem-se do chão
Na fenda, a ostra está
prenhe do galeão
guardada em ovulação
a vertente de um mar
Num corpo desertor
costela de calcário
coroa, escapulário
e mãos de pescador.
Lucas Tenório
repuxada na vaga
em arco espoletada
a ogiva de seu vezo
Liame granulado
em braço ambivalente
pavio impubescente
dum pendular petardo
Que ora leva o vento
ao átrio do abismo
e leva a pedra ao sismo
o ventre ao movimento
O vento cai vazio
de areia quando reto
maturo e de arquiteto
é redondo no cio
Redondo o vento vela
a todo sedimento
a crosta e a caravela
são excrementos de vento
Carcaças correlatas
ao mais suave aroma
lascivo o vento doma
matérias putrefatas
Do gozo a ostra exala
o sal do feromônio
caldeado o hormônio
que o vento traz na gala
E prolifera o coito
em profusão de esperma
berçário, gesta, intróito
e gênese de terra
E o mar vira sertão
num barro encarquilhado
e os rios e alagados
evadem-se do chão
Na fenda, a ostra está
prenhe do galeão
guardada em ovulação
a vertente de um mar
Num corpo desertor
costela de calcário
coroa, escapulário
e mãos de pescador.
Lucas Tenório
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